Fatores Neurobiológicos

A Dislexia é uma perturbação do neurodesenvolvimento de origem multifatorial. Esta perturbação encontra-se associada a fatores neurobiológicos: genéticos, neurológicos e neurocognitivos.

Fatores Genéticos

A nível genético os diversos estudos têm identificado um conjunto de cromossomas e genes possivelmente associados à Dislexia. Entre os mais referidos encontram-se os cromossomas 6 e 15, bem como os genes KIAA0319, DCDC2 e DYXC1. Estes genes têm sido alvo de um estudo mais sistemático dada a sua relação com o volume da substância branca na região parietal-temporal (Darki et al., 2012).

O interesse pelas questões hereditárias na Dislexia já tem várias décadas, uma vez que desde as primeiras investigações que se tinha identificado a tendência para existirem vários casos de Dislexia numa mesma família. Só mais recentemente é que os estudos genéticos começaram a identificar alguns cromossomas e genes possivelmente associados a este perturbação. O “mapa” genético da Dislexia ainda não é totalmente conhecido, pelo que os próximos anos serão importantes para se conhecer toda a sua “arquitetura” genética.

Os estudos epidemiológicos têm demonstrado a relevância das questões genéticas na Dislexia. Por exemplo, entre gémeos monozigóticos as percentagens de concordância são de aproximadamente 70%, enquanto se uma das figuras parentais apresentar um diagnóstico de Dislexia a prevalência dos filhos de também apresentarem esta perturbação é de 45%. Mais informações na Prevalência da Dislexia.

(Fisher & DeFries, 2002)
Dislexia e o cérebro
Fatores Neurológicos

Em termos neurológicos encontram-se bem documentada as áreas corticais responsáveis pelos processos leitores e funcionalmente alteradas nas crianças com Dislexia. As regiões parietal-temporal, occipital-temporal e inferior frontal do hemisfério esquerdo desempenham um papel central na descodificação e reconhecimento de palavras.

Estudos neuroimagiológicos têm demonstrado que os indivíduos com Dislexia apresentam uma menor atividade das duas regiões posteriores e uma maior atividade da região anterior durante uma tarefa de leitura, comparativamente com o perfil de atividade obtido pelos leitores normais.

Investigações recentes têm igualmente observado alterações na integridade da substância branca na região parietal-temporal e no feixe arqueado (entre outras) em indivíduos com Dislexia.

Fatores Neurocognitivos

Relativamente às funções neurocognitivas está bem identificada a importância do processamento fonológico (i.e., consciência fonológica, nomeação rápida e memória verbal imediata) na aprendizagem da leitura e escrita. Estas funções são os preditores universais (nos sistemas alfabéticos e não-alfabéticos), independentemente da opacidade ortográfica (i.e., transparente, intermédia ou opaca), da aquisição e automatização da leitura e escrita em todas as crianças.

Nas crianças com Dislexia a consciência fonológica, a nomeação rápida e/ou a memória verbal imediata encontram-se comprometidas, o que interfere significativamente na precisão (descodificação e reconhecimento), fluência e compreensão da leitura. Para além destas dificuldades, as crianças com Dislexia podem ainda apresentar défices neurocognitivos múltiplos noutras funções, nomeadamente na memória de trabalho verbal e em algumas funções executivas.

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